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Desejo que desejes por Martha Medeiros

DESEJO QUE DESEJES

oii


Eu desejo que desejes ser feliz de um modo possível e rápido, desejo que desejes uma via expressa rumo a realizações não utópicas, mas viáveis, que desejes coisas simples como um suco gelado depois de correr ou um abraço ao chegar em casa, desejo que desejes com discernimento e com alvos bem mirados.

Mas desejo também que desejes com audácia, que desejes uns sonhos descabidos e que ao sabê-los impossíveis não os leve em grande consideração, mas os mantenha acesos, livres de frustração, desejes com fantasia e atrevimento, estando alerta para as casualidades e os milagres, para o imponderável da vida, onde os desejos secretos são atendidos.

Desejo que desejes trabalhar melhor, que desejes amar com menos amarras, que desejes parar de fumar, que desejes viajar para bem longe e desejes voltar para teu canto, desejo que desejes crescer e que desejes o choro e o silêncio, através deles somos puxados pra dentro, eu desejo que desejes ter a coragem de se enxergar mais nitidamente.

Mas desejo também que desejes uma alegria incontida, que desejes mais amigos, e nem precisam ser melhores amigos, basta que sejam bons parceiros de esporte e de mesas de bar, que desejes o bar tanto quanto a igreja, mas que o desejo pelo encontro seja sincero, que desejes escutar as histórias dos outros, que desejes acreditar nelas e desacreditar também, faz parte este ir-e-vir de certezas e incertezas, que desejes não ter tantos desejos concretos, que o desejo maior seja a convivência pacífica com outros que desejam outras coisas.

 

Desejo que desejes alguma mudança, uma mudança que seja necessária e que ela não te pese na alma, mudanças são temidas, mas não há outro combustível pra essa travessia. Desejo que desejes um ano inteiro de muitos meses bem fechados, que nada fique por fazer, e desejo, principalmente, que desejes desejar, que te permitas desejar, pois o desejo é vigoroso e gratuito, o desejo é inocente, não reprima teus pedidos ocultos, desejo que desejes vitórias, romances, diagnósticos favoráveis, aplausos, mais dinheiro e sentimentos vários, mas desejo antes de tudo que desejes, simplesmente.

Ah, o coração...


coração






Acho uma pena que falar em coração tenha se tornado uma coisa tão antiga.Mas o fato é que tornou-se.Coração dilacerado, coração em pedaços, coração na mão


Sentimos tudo isso, mas a verbalização soa piegas.


E, no entanto, estamos falando dele, do nosso órgão mais vital, do nosso armazenador de emoções, do mais forte opositor do cérebro, este sim, em fase de grande prestígio. O que está em alta? Inteligência, raciocínio, lógica, perspicácia! Gostamos de pessoas que pensam rápido, que são coerentes, que evoluem, que fazem os outros rirem com suas ironias e comentários espertos. Toda essa eficiência só corre risco de desandar quando entra em cena o inimigo número 1 do cérebro: o coração.


É o coração que faz com que uma super mulher independente derrame baldes de lágrimas por causa de uma discussão com o namorado.É o coração que faz com que o empresário que precisa enxugar a folha de pagamento relute em demitir um pai de família.É o coração que faz com que todos tremam seus queixinhos quando o Faustão põe no ar o quadro arquivo confidencial!


Eu gostaria que o coração fosse reabilitado, que a simples menção dessa palavra não sugerisse sentimentalismo barato, mas para isso é preciso tratá-lo com o mesmo respeito com que tratamos o cérebro, e com a mesma economia.


Se a expressão “beijo no coração” é considerada “over", voltemos a ser simples. Mandemos beijos e abraços sem determinar onde; quem os receber, tratará de senti-los no local adequado.







Martha Medeiros


EU, modo de usar, por Martha Medeiros


lindas imagens


Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor mas ... permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais. Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo. Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sozinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. ( Então fique comigo quando eu chorar, combinado?).


Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar às vezes, mesmo na sua idade.


Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai.


Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca ... Goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer muitos filhos, me carregar para a missa, apresentar sua família... isso a gente vê depois ... se calhar...


Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para Outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos.


Não me conte seus segredos ... me faça massagem nas costas. Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções. Me rapte!





Se nada disso funcionar ... experimente me amar!







Martha Medeiros






Vida que te quero sempre!!!!











Um, dois e… quando me dou conta, já fui, me joguei antes de contar até três, disse o que não era para ser dito fiz coisas que não era para ter feito, me arrebento rápido, nem dói de tão ligeiro. MENTIRA, dói de qualquer jeito.




| Martha Medeiros 

Dores de amor por Martha Medeiros





Existem duas dores de amor 
A primeira é quando a relação termina e a gente, seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro, com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva, já que ainda estamos tão embrulhados na dor que não conseguimos ver luz no fim do túnel. 
A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel. 
A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços, 
a dor de virar desimportante para o ser amado. 
Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida: a dor de abandonar o amor que sentíamos. 
A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre, sem sentimento especial por aquela pessoa. 
Dói também... 
Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou. 
Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém. 
É que, sem se darem conta, não querem se desprender. 
Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir, lembrança de uma época bonita que foi vivida... 
Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual a gente se apega. 
Faz parte de nós. 
Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e disponíveis, mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo, que de certa maneira entranhou-se na gente, e que só com muito esforço é possível alforriar. 
É uma dor mais amena, quase imperceptível. 
Talvez, por isso, costuma durar mais do que a 'dor-de-cotovelo' propriamente dita. 
É uma dor que nos confunde. 
Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. 
A pessoa que nos deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos, que nos colocava dentro das estatísticas: "Eu amo, logo existo". 
Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. 
É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente... 
E só então a gente poderá amar, de novo. 

O Pudim







Não há nada que me deixe mais frustrada do que pedir Pudim de sobremesa, contar os minutos até ele chegar e aí ver o garçom colocar na minha frente um pedacinho minúsculo do meu pudim preferido. Um só. Quanto mais sofisticado o restaurante, menor a porção da sobremesa.
Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência, comprar um pudim bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantas vezes a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação.


O PUDIM é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano. A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de aventuras pela metade. A gente sai pra jantar, mas come pouco. Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons. Conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil (a imensa maioria das mulheres continua com pavor de ser rotulada de 'fácil'). Adora tomar um banho demorado, mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta. Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo, mas tem medo de fazer papel ridículo. Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD, esparramada no sofá, mas se obriga a ir malhar. E por aí vai. Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar', tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação... Aí a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta e existencialmente sem-graça, enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão... Às vezes dá vontade de fazer tudo 'errado'.Deixar de lado a régua, o compasso, a bússola, a balança e os 10 mandamentos. Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito. Recusar prazeres incompletos e meias porções. Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou e disse uma frase mais ou menos assim: 'Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora'... Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos (devemos?) desejar vários pedaços de pudim, bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração saciado. Um dia a gente cria juízo.

Um dia. Não tem que ser agora. Por isso, garçom, por favor, me traga: um pudim inteiro um sofá pra eu ver 10 episódios do 'Law and Order', uma caixa de trufas bem macias e o Richard Gere, nu, embrulhado pra presente. OK? Não necessariamente nessa ordem. Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago . "


Autoria: Martha Medeiros - escritora, jornalista e colunista do Caderno Donna ZH


E lembre-se: "Viver as experiências que a vida nos oferece é obrigatório, sofrer com elas ou desfruta-las é opcional.."

A dor que dói mais





Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.


Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa. Dóem essas saudades todas.


Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o escritório e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.


Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua pintando o cabelo de vermelho. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango assado, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua surfando, se ela continua lhe amando.


Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.


Saudade é não querer saber se ele está com outra, e ao mesmo tempo querer. É não querer saber se ela está feliz, e ao mesmo tempo querer. É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim, doer.
Martha Medeiros (1961) é escritora gaúcha. A dor que dói mais foi publicado originalmente em 20 de Julho de 1998 na extinta coluna assinada por ela no site "Almas Gêmeas". Circula desde então pela internet falsamente atribuído a Luis Fernando Verissimo, Arnaldo Jabor e Miguel Falabella.

EU POSSO...

Mesmo que o mundo caísse e sobre nós explodisse destruindo o que era nosso,
EU POSSO...
Mesmo que eu me desabasse e nada mais me sobrasse senão ver tudo em destroços,
EU POSSO...
Mesmo que abismos medonhos enterrem todos os meus sonhos nas profundezas de um fosso,
EU POSSO...
Mesmo que todas as pessoas neguem minhas coisas boas, nem por isso eu me alvoroço,
EU POSSO...
Mesmo que a fome do mundo caia em mim neste segundo, ainda assim hoje eu almoço,
EU POSSO...
Mesmo que a minha doença seja grave, de nascença, pelo poder do Pai-Nosso
EU POSSO...
Mesmo que um grande fracasso queira barrar o meu passo, eu não paro e não acosso,
EU POSSO...
Mesmo que eu seja um vencido muito cedo, eu envelheço, eu subo, eu sigo, eu remoço,
EU POSSO...
Eu posso renascer agora, eu posso refazer a aurora...
Eu posso iluminar o meu caminho, eu posso dar a mão ao meu vizinho...
Eu posso beijar o esfarrapado como beijo as flores deste prado...
Eu posso ter um mundo de riqueza, eu posso ver a Deus na natureza....
Eu posso encher de amor o coração, e fazer desta vida uma canção....
Eu posso -- e sei que eu preciso -- fazer da vida um paraíso...
Eu posso - é a força da energia que explode em mim e se irradia...
Eu posso - é a oração da Divindade que produz em mim a realidade....
Eu posso erguer os olhos para o céu e ver tudo branco como um véu....
Eu posso reconstruir a minha casa eu posso ter tudo o que me apraza....
Eu posso renovar a minha saúde, pois na vida não há nada que não mude...
Eu posso -- é a oração bendita da minha força infinita...
Eu posso perdoar meu inimigo porque vem a mim tudo o que eu bendigo...
Eu posso fazer da vida uma festa por todo o tempo que me resta....
EU POSSO...
EU POSSO...
EU POSSO...
VOCÊ PODE...
NÓS PODEMOS ....!

Segredo

Se você quiser me contar seus segredos
Sou de todo ouvido.
Se os seus sonhos não derem certo,
Estarei sempre lá para você.
Se precisar se esconder,
Terá sempre minha mão.
Mesmo se o céu desabar,
Estarei sempre contigo.
Sempre que precisar de um lugar,
Haverá meu canto, pode ficar.
Se alguém quebrar seu coração.
Juntos cuidaremos.
Quando sentir um vazio,
Você não estará sozinha.
Se você se perder lá fora,
Te buscarei.
Te levarei prá algum lugar
Se precisar pensar.
E quando tudo parecer estar perdido,
E você precisar de alguém
Eu estarei sempre aqui.



(Martha Medeiros)