Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não pode durar. Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente. O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar. Encarniça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo, e o fogo doce arde, arde, flameja. Então, ela que sabe que tudo vai acabar, pega a mão livre do homem, e ao prendê-la nas suas, ela doce arde, arde, flameja.
in "Onde estivestes de noite" - 7ª Ed. - Ed. Francisco Alves - Rio de Janeiro – 1994 -
"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso.
Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro".
" Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas
nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite".
"Brasília…Uma prisão ao ar livre".
"Renda-se, como eu me rendi.
Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei.
Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento".
"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido.
Eu não: quero uma verdade inventada".
"Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho".
* Todos de Clarice Lispector